Provavelmente, você já ouviu (ou leu) a seguinte afirmação: “Pisa só tem a torre, pode considerar só meio período de um dia no seu roteiro”. Puro engano! Realmente, se o viajante for ver só o monumento pendente e Piazza dei Miracoli que o circunda, tudo bem, mas aconselho dormir pelo menos, um dia na cidade. Se tiver mais tempo, até fique por mais dias ali.
Por quê? A cidade é um epicentro cultural e muito agitada, por ser sede de uma importante universidade pública. É permeada de muita história, o que inclui ser a terra de Galileu Galileu (1564-1624), físico, matemático e astrólogo apontado como o maior cientista de todos os tempos; e a cidade do poeta Dante Alighieri (a história não sabe precisar seu ano de nascimento e morte), de Florença, que morou por ali um bom tempo. Supostas casas que ambos moraram estão por todos os cantos, mas não existe um turismo ou rota oficial, porém é só perguntar a qualquer morador quando você estiver caminhando pela Via Corso Italia, a principal que entrecorta a cidade e que você passará, obrigatoriamente, por ela para chegar à atração cartão-postal do destino.

Hoje, com 86 mil habitantes sem contar o fluxo de estudantes, a bela cidade toscana é descortina um pôr-do-sol dos mais privilegiados do País da Bota, na Ponte di Mezzo, ancorada pelo sinuoso desenho do Rio Arno. Esse, definitivamente, é um programa que deve fazer parte da sua rota, mas antes de sentar na muretinha para assistir o espetáculo, passe antes no Bazeel e garanta o seu vinho-coquetel-cerveja para acompanhar o momento.
Depois pode esticar para o ponto de encontro para quem procura gastronomia e nightlife, a Piazza del Vettovaglie. Outro point perto dali é o L´Orso Bruno, cervejaria dedicada à rótulos artesanais do país.
A depender do seu horário de chegada e partida da cidade, organize o(s) seu(s) dia(s) para visitar o Palazzo Blu, um dos museus e centros de arte mais importantes daline fica no miolinho histórico; e o Parco San Rossore, um parque de proporções gigantescas nos arredores pisanos e que possui longos bosques, animais, hípica, zoológico e espaços para piquenique. Mas, se não conseguir se alongar, estenda a toalha, passe no mercado e compre queijos, vinhos, pães, embutidos e cecina – uma especialidade da região feita de grão de bico e vá até o pequenino Giardino Scotto, também às margens do Arno, no centro.
Na primavera e verão, uma esticadinha à Marina de Pisa, área de praias e porto, é uma ótima pedida. Na estação mais quente do ano, também acontecem festas famosas como o Gioco del Ponte, que remonta à uma batalha medieval entre bairros clássicos pisanos e a Regata de San Ranieri, o padroeiro da cidade.
No inverno, refugie-se na região de montanhas e agriturismos que margeiam os 37 km que ligam Pisa à graciosa Lucca. Um bom exemplo é o Fortezza di Pozzo, ideal para se hospedar para curtir todo o clima bucólico, mas caso não seja possível, dedique um tempo para uma refeição, sem muita pressa, ali ou no Ristorante Antica Cantina da Toti.

Já em solo lucchese, tente se hospedar no centrinho histórico, na parte circundada pelos muros – vale dizer que a cidade é tida como uma das únicas do país que ainda é toda murada. Portanto, conhecer toda essa extensão é importante e você pode fazer, tranquilamente, a pé: são quase 5 km e remonta ao século XVI. Mas, saiba que é bem fácil (e clássico) alugar uma bicicleta para tal.
Ela ainda é tida como uma das cidades de arte mais importantes da Itália, além de ser conhecida como Città dello Cento Chiese, a Cidade das Cem Igrejas – visite, pelo menos, três delas, caso da Chiesa di San Michele in Foro, Chiesa di San Giovanni e Reparata, Chiesa Giubilare di San Giusto; além do Duomo, claro.
Na sua frente, aliás, acontece uma feirinha de antiguidades todo terceiro final de semana do mês, momento em que rola também o Mercado de Antiguidades, perto dali. Para quem ama os lúdicos carrosséis, há um belo exemplar na praça central; e para quem é da música, visite o museu dedicado ao compositor Giacomo Puccini (1858-1924), criado em 1973, na na casa em que o compositor viveu. Para a turma da gastronomia, as especialidades típicas são focaccia, pappa al pomodoro – sopa de tomates, pão rústico e manjericão e tordeli (e não tortelli) lucchesi al ragù.