Terra de marajás, elefantes, camelos, vacas, gurus, sáris… Esqueça tudo que você já viu. A Índia, sem sombra de dúvidas, é um país peculiar e único. Sua cultura, povo e construções são os principais ingredientes nessa mistura inesquecível. As cores, os sabores e os costumes encantam os visitantes de todo o mundo. Seja no seu traje e local no qual habitam, na maneira como servem a comida ou nas formas de expressão, os indianos se orgulham do que são e revelam ao mundo uma maneira diferente de viver.
No quesito religião, a maioria é hindu, mas os muçulmanos, sikhs, cristãos e judeus gozam de liberdade. O inglês e o hindi são as línguas oficiais, mas não é de se espantar que por todo o país ainda existam 15 línguas principais e 844 dialetos em diferente regiões. Ao andar pelo país você verá crianças com os olhos pintados de pretos. Isso significa que elas são muito belas e a maquiagem é feita para protegê-las da inveja alheia.
Um destino onde cada passo dado revela antagonismos evidentes: de um lado uma enorme pobreza, de outro castelos magníficos. A conta é simples. A população do Brasil é de 207 milhões de pessoas e a Índia, apesar de ter quase 1,3 bilhão de habitantes, a segunda maior população do planeta (atrás apenas da China), possui um território que é praticamente um terço do nosso. Ou seja, pouco espaço para muita gente. Isso, contudo, não tira o brilho da experiência.
Os contrastes nítidos e as paisagens monumentais fazem deste um roteiro sem igual, numa viagem onde nada, absolutamente nada, é previsível!
Nova Délhi, a capital de construções monumentais
Ao chegar em Nova Délhi, capital da Índia, você já se impressiona pela quantidade de pessoas esperando no desembarque, um verdadeiro mar de gente. E o susto continua ao sair do aeroporto e se deparar com o caótico trânsito local. Tudo que ouvimos falar sobre o ir e vir dos indianos é, de fato, verdade. Esse é, digamos, o país da buzina. Pelas ruas da capital ela é usada com bastante frequência. Os caminhões carregam avisos como “Oktata”, cuja tradução é “buzine, por favor”. Praticamente não há regras de trânsito, mas ainda sim eles se entendem. Entre carros, ônibus, vacas e bicicletas, os chamados tuk tuk atraem as nossas atenções. Os pequenos carrinhos de cor amarela são uma boa opção para conhecer os pontos turísticos de forma bem tradicional.
Nossa parada no hotel foi rápida, apenas para deixar as coisas e seguir para desbravar tudo que a cidade nos oferece. Os edifícios do complexo da tumba do imperador mongol Humayun, que governou a Índia na primeira metade do século 16, são tidos como uma obra-prima da arquitetura mongol no país. Esse amplo complexo já foi declarado como Patrimônio da Humanidade pela Unesco. A construção é considerada pelos especialistas como um dos precedentes do Taj Mahal. Um passeio imperdível. Prepare-se, pois assim como em todas as principais atrações indianas, vendedores ambulantes te cercam para oferecer suvenires.
Que tal conhecer o minarete (tipo de torre) de tijolo mais alto do mundo? Com 72,5 metros de altura, o Qutb Minar (foto) chama a atenção dos turistas e se tornou um dos pontos mais populares de Délhi e também ganhou o título de Patrimônio da Humanidade pela Unesco. Outro ponto que não pode ficar de fora do seu roteiro pela capital é o Red Fort. Com seu muro vermelho de mais de dois quilômetros, sua construção foi ordenada pelo imperador mongol Shah Jahan entre 1638 e 1648.
Ah, os mercados indianos!
Na rua em frente ao Red Fort está o mais famoso bazar da cidade, o Chatta Chowk, também conhecido como Meena Bazaar. O lugar possui uma excelente coleção de miniaturas, pinturas, antiguidades e até peças de joalheria. Entre as mercadorias mais vendidas estão as tapeçarias.
E por falar em mercado, não deixe de passar no Dilli Haat. Ele é uma combinação de praça de alimentação e artesanato localizado no coração da cidade, bem pertinho do Instituto de Ciências Médicas da Índia. Ali está representado cada estado do país. Alguns boxes são permanentes e outros ficam em média 15 dias. O sucesso é tamanho que existem planos de abrir mais espaços como este em Délhi.
Aproveite para comprar ao menos um sári (peça de roupa tradicional utilizada pelas mulheres indianas). Eles estão por toda a parte no bailar de mulheres tímidas e, na maioria das vezes, muito ornamentadas. Azul, vermelho, amarelo, rosa. São tantas as combinações que fica difícil saber qual a mais bonita. Nos mercados a céu aberto você consegue duas peças dessas por até 350 rúpias (R$ 20). Mas não se engane, usar esse traje não é nada fácil, melhor mesmo é pegar uma “aulinha” antes de tentar vesti-lo.
Outra boa opção é comprar pashminas. Elas são muitas, lisas ou estampadas, a escolha fica seu critério. São fáceis de carregar na mala, práticas e funcionais, uma ótima saída para compor qualquer look, em diferentes estações. Acessórios femininos como pulseiras, colares, brincos e anéis também são ofertados em exagero.
Homenagens aos mortos e a força de Gandhi
Impossível não se emocionar aos pés do India Gate. O monumento com 42 metros de altura e em forma de arco, foi construído pelo arquiteto Edwin LutYens para lembrar os soldados indianos mortos durante a Primeira Guerra Mundial e nas Guerras Afegãs de 1919. Os nomes destes soldados, 90 mil no total, estão inscritos nas paredes do monumento. A estrutura, de um estilo colonial, começou a ser construída em 1921 e só foi finalizada 10 anos depois, sendo inicialmente chamada de “Memorial de todas as guerras da Índia”. Muitos anos depois, em 1971, foi construído o Amar Jawan Jyoti, o túmulo do soldado desconhecido com uma chama eterna, uma forma de homenagear os mortos nos confrontos entre Índia e Paquistão.
Ainda no quesito emoção coloque em sua programação uma parada no Raj Ghat (foto). Ali, uma lápide de mármore assinala onde Mahatma Gandhi foi cremado em 1948. O local é visitado diariamente por milhares de pessoas que acreditam e seguem até hoje os preceitos levantados por ele. Não há como negar que Mohandas Karamchand Gandhi marcou fortemente a história da Índia. Ele lutou pelo país e realizou protestos contra a exploração buscando independência. Como líder político e espiritual soube utilizar-se de toda a tradição para reerguer o orgulho de sua gente. Ele reavivou a mente de seus conterrâneos quanto a dois ensinamentos tão antigos quanto o hinduísmo: Ahimsa (não violência) e Satiagraha (persistência pela verdade).
Agra, a guardiã do imponente Taj Mahal
O carro partiu do hotel em Nova Dhéli às 7h da manhã. A viagem rumo a Agra foi bem cansativa (cerca de 5 horas por estradas lotadas), porém estávamos todos na van cheios de expectativa por finalmente conhecer o famoso Taj Mahal (foto). Até o destino final, as paradas pelo caminho distraíram todo o grupo. Encantadores de cobras e lojas de souvenir não faltaram por todo o trajeto.
Perto das 13h a rota teve fim e lá estava a monumental construção surgindo aos nosso olhos. Antes de entrar, fomos cercado por dezenas de crianças tentando vender uma variedade de lembranças sobre o local. A dica é seguir em frente sem se deixar distrair pelos pequenos vendedores.
O Taj Mahal é incrustado com pedras semipreciosas, tais como o lápis-lazúli, entre outras. A cúpula é costurada com fios de ouro, o edifício flanqueado por duas mesquitas e cercado por quatro minaretes (torres). No espaço principal é preciso sentar por alguns minutos e apenas observar a imensidão desse palácio. Imaginar como ele foi construído, há milhares de anos, já tira o fôlego de qualquer um. Além de receber o título de Patrimônio Mundial da Unesco, o Taj foi recentemente anunciado como uma das Novas Sete Maravilhas do Mundo Moderno.
Para entrar você precisa colocar um sapatinho de pano por cima do seu calçado, tudo para não estragar o interior do Taj. Lá dentro não é permitido o uso de máquinas fotográficas, então observe cada detalhe, cada pequeno desenho talhado no lindo mármore branco. O que fica na memória não sairá nunca mais. Além de tudo, a história de amor por trás dele completa a receita deste monumento.
O imperador mongol Shah Jahan ergueu o Taj em memória de sua mulher Mumtaz Mahal. Shah a conheceu quando tinha apenas 14 anos e, diz a lenda, foi amor à primeira vista. Ela era uma princesa muçulmana persa e ele o filho do imperador mongol Jehangir. Cinco anos mais tarde, em 1612, eles se casaram. A esposa morreu em 1631 durante o parto de seu 14º filho. Acredita-se que momentos antes da morte de seu grande amor, Shah tenha feito uma promessa para ela: construir o mais belo monumento em sua memória. Hoje, o próprio imperador encontra-se enterrado também junto à amada. A construção do Taj começou em 1631 e durou aproximadamente 22 anos. Toda a história é cercada de mistérios e muitas teorias, o que deixa tudo ainda mais interessante.
Quando você é a atração
Fique atento. Enquanto observa a beleza mística das coisas, vai perceber que ali você também é uma atração. Os indianos não conseguem disfarçar sua curiosidade a nosso respeito e usam telefones celulares para registrar a presença dos visitantes. Alguns, mais desinibidos, acabam se aproximando e pedem para tirar uma foto com você. Vale agir com naturalidade e se divertir com a situação. No quesito fotos, outra dica é muito importante. As vestimentas e todo o colorido das roupas usadas principalmente pelas indianas nos fazem querer registrar tudo. Cuidado ao fotografar as pessoas, muitos até deixam, sem maiores problemas. Contudo, a maioria faz pose, mas, logo em seguida, pede algum dinheiro em troca.
Comida para quem gosta de pimenta
Quando ouvir a palavra spicy do garçom, pense bem antes de responder. A maioria dos pratos indianos já é naturalmente temperada, então, se tiver estômago um pouquinho fraco, fique fora dessa opção. Já os que gostam dessa ardência, vão se deliciar com as iguarias preparadas em todo o país.
Os hotéis de rede espalhados pelas principais cidades são lugares que normalmente possuem restaurantes com diferentes especialidades, desde comida italiana a japonesa. Já os fãs de fast-food podem matar a saudade comendo do Mc Donald’s, com um pequeno detalhe: como as vacas são sagradas, os sanduíches não possuem carne vermelha. Que tal um Mc Veggie, Mc Chicken ou Mc Maharaja?
Dicas finais
1 – Não viaje sem ter uma programação definida. Reserve seu hotel antes de sair do Brasil para não correr o risco de ter que seguir dicas erradas ou cair numa furada.
2 – Ande sempre em grupo. Na maioria dos pontos turísticos crianças e adultos costumam cercar e pressionar os visitantes numa tentativa desesperada de vender alguma coisa. Caso não esteja interessado não olhe ou responda. Nesse caso, qualquer demonstração de interesse tem como consequência uma verdadeira “perseguição” dos ambulantes.
3 – Enquanto estiver na Índia, tome muito cuidado com a água da torneira, pois não é potável. Atente-se para beber sempre água mineral engarrafada, vale, inclusive, verificar o lacre.
4 – Cuidado para não fazer contas erradas. É fácil se confundir quando US$ 1 equivale a 72 rúpias. O que pode parecer muito caro, na verdade não é.
5 – Troque seu dinheiro por rúpias assim que chegar lá. A maioria dos mercados de rua, que são os melhores lugares para fazer compras, não aceita cartões. Então tenha notas sempre em mãos.